Notas em língua portuguesa
Gramática
As formas nominais do verbo
As formas nominais do verbo são o *gerúndio, infinitivo e particípio. Não apresentam flexão de tempo e modo, e podem se comportar semelhantes a um substantivo, adjetivo ou advérbio.
Gerúndio: terminação em -ndo, indica uma ação em andamento, um processo ainda não finalizado.
Infinitivo: indica a ação propriamente dita, sem situá-la no tempo. O infinitivo pode ser impessoal (terminado em -ar, -er ou -ir) ou pessoal (flexionado).
Particípio: dividio em particípio passado (terminações -ado e -ido) e o particípio presente (terminações -ante, -ente e -inte).
Particípio curto (irregular) e longo (regular)
A maioria dos verbos tem apenas uma forma de particípio. Há no entanto alguns verbos que apresentam duas formas para o particípio: o particípio curto (irregular) e o particípio longo (regular).
Exemplos de verbos nestas circunstâncias são:
salvar: salvo e salvado
pagar: pago e pagado
O particípio curto deve ser utilizado quando o verbo auxiliar é ser ou estar, em voz passiva.
O particípio longo deve ser utilizado quando o verbo auxiliar é ter ou haver, no pretérito mais-que-perfeito composto do Indicativo.
Exemplos:
Eu já tinha entregado o meu trabalho quando descobri o erro.
O meu trabalho foi entregue ontem.
Obrigado por ter aceitado o nosso convite.
O convite foi aceito com todo o prazer.
Particípio presente
O particípio presente (ou ativo) geralmente tem função de adjetivo ou de substantivo. Exemplos: "dançante", "cantante", "titubeante", "assinante", "presidente"...
Colocação Pronominal
Próclise
Pronome antes do verbo.
Palavras negativas:
Nada me perturba.
Ninguém se mexe.
Conjunções subordinativas (quando, se, porque, que, aqui, sempre, etc.):
Quando se trata...
É necessário que a deixe.
Pronomes relativos:
Alguém me ligou.
Isso me traz.
Frases interrogativas
Frases exclamativas e optativas:
Deus te abençõe.
Em + gerúndio:
Em se plantando, tudo dá.
Em se queixando, apanha-se.
Com formas verbais proparoxítonas:
Nós o censurávamos.
Mesóclise
Pronome no meio do verbo. Verbos somente nos tempos futuro do presente (amarei, cairei, ...) ou futuro do pretérito (amaria, cairia, ...).
Convidar-me-ão...
Negar-te-ia...
Atenção: não funciona em negativa: "Não me convidarão"...
Énclise
Pronome após o verbo.
Início de frase:
Entregaram-me as camisas.
Imperativo afirmativo:
Comportem-se.
Verbo no gerúndio (sem preposição em):
entregar-lhe
Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise. A ênclise só é mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente no feminino a) e o infinitivo vem regido da preposição a.
Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Atenção: não vale em negação e para verbos no futuro e particípio. Exemplos (errados!): "tornarei-me" e "tinham entregado-nos".
Uso do hífen
Uso do hífen com compostos
Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. Exemplos: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.
Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação. Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. Exemplos: gota-d'água, pé-d'água.
Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação. Exemplos:
Belo Horizonte - belo-horizontino
Porto Alegre - porto-alegrense
Mato Grosso do Sul - mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte - rio-grandense-do-norte
África do Sul - sul-africano
Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. Exemplos: bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
- Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares:
bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).
Uso do hífen com prefixos
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).
Casos gerais
Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Exemplos:
micro-ondas
anti-inflacionário
sub-bibliotecário
inter-regional
Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos:
autoescola
antiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo
- Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos:
minissaia
antirracismo
ultrassom
semirreta
Casos particulares
Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r. Exemplos:
sub-região
sub-reitor
sub-regional
sob-roda
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal. Exemplos:
circum-murado
circum-navegação
pan-americano
Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra
vice-rei
O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos:
coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
cosseno
Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e. Exemplos:
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição
Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por b, d ou r. Exemplos:
ad-digital
ad-renal
ob-rogar
ab-rogar
Outros casos do uso do hífen
Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos:
(acordo de) não agressão
(isto é um) quase delito
Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l. Exemplos:
mal-entendido
mal-estar
mal-humorado
mal-limpo
Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação. Exemplo: mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.
Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu, mirim. Exemplos:
capim-açu
amoré-guaçu
anajá-mirim
Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos:
ponte Rio-Niterói
eixo Rio-São Paulo
Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:
Na cidade, conta--se que ele foi viajar.O diretor foi receber os ex--alunos.
Crase
Regra geral
Haverá crase sempre que: - o termo antecedente exija a preposição a; - o termo consequente aceite o artigo a.
Exemplos
Obedecemos à regra.
Vou a Brasília
Cheguei a Curitiba.
Cheguei à Curitiba dos pinheirais. Se o substantivo vier determinado por algum adjunto adnominal, ocorrerá a crase.
Falei a pessoas estranhas.
Falei às pessoas estranhas.
Lançar luz a importantes questões. (Sem crase).
Casos particulares
- Na indicação pontual do número de horas.
Às duas horas chegamos.
- Com a expressão à moda de e à maneira de.
Escreve à (moda de) Alencar.
- Nas expressões adverbiais femininas.
Chegaram à noite.
Caminhava às pressas.
Ando à procura de meus livros.
- Uso facultativo da crase:
Falei à Maria.; Falei a Maria.
- Crase com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
Fez referência àquelas situações.
- Crase depois da preposição até:
Chegou até à muralha. (Foi até à muralha).
Chegou até a Maria. (Até mesmo a Maria chegou).
- Crase antes do que:
Houve uma sugestão anterior à que você deu. (Tem crase).
Não gostei do filme a que você se referia. (Não tem).
- Diante da palavra distância, emprega-se crase se a mesma estiver especificada.
As caixas de som estavam à distância de 200m do público. (Tem crase).
O detetive vigiava o suspeito a distância. (Não tem).
Pleonasmo
Pleonasmo consiste na repetição de um termo da oração ou do significado de uma expressão, isto é, alguma informação que é repetida desnecessariamente.
Usos
Carta aberta: A carta aberta integra os gêneros argumentativos, e é pautada pela exposição de uma ideia cujo interesse é coletivo.
Alguém pode me dar uma boa razão para em português escrevermos extenso, extensão, extensivo, extenso e estender, estendido???